segunda-feira, 30 de janeiro de 2012

Qual história sua câmera nos conta?


Presentinho do Uili...
Captar emoções através do click de uma câmera, registrar a realidade e acender novos conceitos... Já parou para pensar nas histórias que uma câmera pode carregar?
Na retratação do olhar, do sentimento, no registro do momento, a arte de desenhar com luz toma espaço cada dia mais e agrega conceitos à fotografia, em que se pode recriar sentimentos a partir da acessibilidade e do desenvolvimento tecnológico.
Cada dia mais, as representações visuais vêm tomando espaço na sociedade. Com o desenvolvimento tecnológico, o acesso ficou facilitado o que gera o crescimento do interesse por “catar imagem”, registrar aquilo que os olhos captam performaticamente e poder mostrar o olhar para outras pessoas, com isso as representações visuais dão ao olhar, nova construção de sentido.
A arte de desenhar com luz nasce das mãos de diversos criadores e é aperfeiçoada todos os dias, saindo da câmara escura, avançando para a câmera analógica e atualmente inúmeros modelos digitais. A fotografia tornou-se meio de registro para família, para o comércio, para documentação, para arte. Os objetivos de um click são diversos e cabe aos olhos de quem o faz e de quem o vê; a fotografia é um modo de mostrar o que é visto pelos olhos do observador/fotógrafos para outro observador/receptor.
Devido ao caráter de imediatismo, contemplação e repetição ou duplicação da realidade, percebe-se a existência dum grande poder estratégico e persuasivo que as imagens em si podem oferecer, sendo até capazes de condicionar o imaginário humano.
Segundo Susan Sontag (2004) as imagens possuem o poder de determinar realidades, desfrutando da autoridade e do impacto que a fotografia pode causar.
Interpretação e representação do real, na fotografia se expressa o conjunto de sentimentos, emoções, lembranças, representações, um conjunto de registro e memória que resulta à valorização da imagem ali arquivada, sendo de grande importância para contribuição de registro documental e resgate social.
Compreendendo então o valor e a importância do registro fotográfico e da exposição das imagens, o que leva a conquista de credibilidade do que foi registrado e propõe analise da imagem e do discurso ali emitido.
E então? Qual história sua câmera nos conta?

domingo, 8 de janeiro de 2012

A fotografia, por Manuel de Barros

Foto: Pedro Fonsêca
Difícil fotografar o silêncio.
Entretanto tentei. Eu conto:
Madrugada, a minha aldeia estava morta. Não se via ou ouvia um barulho, ninguém passava entre as casas. Eu estava saindo de uma festa,.
Eram quase quatro da manhã. Ia o silêncio pela rua carregando um bêbado. Preparei minha máquina.
O silêncio era um carregador?
Estava carregando o bêbado.
Fotografei esse carregador.
Tive outras visões naquela madrugada. Preparei minha máquina de novo. Tinha um perfume de jasmim no beiral do sobrado. Fotografei o perfume. Vi uma lesma pregada na existência mais do que na pedra.
Fotografei a existência dela.
Vi ainda um azul-perdão no olho de um mendigo. Fotografei o perdão. Olhei uma paisagem velha a desabar sobre uma casa. Fotografei o sobre.
Foi difícil fotografar o sobre. Por fim eu enxerguei a nuvem de calça.
Representou pra mim que ela andava na aldeia de braços com maiakoviski – seu criador. Fotografei a nuvem de calça e o poeta. Ninguém outro poeta no mundo faria uma roupa
Mais justa para cobrir sua noiva.
A foto saiu legal.

Poema de Manuel de Barros, apresentado pelo Prof. Eg Chaveiro (em alguma aula) no IESA em 2010