por Déborah de Sousa
Sandro de Oliveira |
Déborah de Sousa - DS: Para começarmos esse delicioso
papo, nos direcionamos a saber como tudo começou. Então, Sandro, conte-nos um
pouquinho de como surgiu seu interesse pelo Audiovisual?
Sandro de Oliveira - SO: O meu interesse pelo
audiovisual é mais antigo do que o boom do audiovisual goiano, nasceu pelo meu
interesse acadêmico pelo cinema já na minha graduação, no íncio dos anos 90. Já
escrevia alguns pequenos artigos e matérias para os jornais daqui falando de
cineastas e de cinema, majoritariamente.
DS: O que você acha da Produção Audiovisual em Goiás?
SO: A produçao audiovisual em Goiás ainda é pequeno
quantitativamente e os nossos audiovisualistas ainda carecem de preparo técnico
e de financiamentos mais polpudos para que os nossos produtos possam competir
em pé de igualdade com o restante do país. Sabemos que temos talentos
inquestionáveis em Goiás, mas todos carecemos de vias de produção que sejam
mais generosas e frequentes.
DS: Qual é o maior deficit da Produção Audiovisual em
Goiás? De acordo com sua visão, o que sugere para que possa crescer e se
desenvolver?
SO: Poderíamos ter um mercado exibidor mais amplo. Os
filmes que são produzidos ficam no âmbito de festivais temáticos ou nas
fortalezas das universidades. É necessário que sejam criados mecanismos de
exibição para a população carente do estado, nas cidades distantes, tão
carentes de cultura. Existe aí um imenso público consumidor que é desprezado
pelo poder público.
DS: O que você acha que pode ser feito para a
conscientização da população goiana diante das produções audiovisuais em nossa
região?
S.O: A população goiana não conhece nem o que se faz
em Hollywood, quanto mais no audiovisual goiano. Se você for olhar nos nossos
jornais, devem existir somente umas cinco ou dez cidades goianas com cinemas
funcionando diariamente com sessões abertas ao público. Não existem cines
culturas no interior, cinemas em praças abertas, cinemas nas escolas públicas.
Isto faz com que as pessoas entrem em contato com a produção da TV, sempre tão
eletiva e alienada. É preciso que o povo goiano entre em contato com a produção
goiana.
DS: Falta iniciativa do Estado ou dos próprios
profissionais da área?
SO: O mercado produtor para o 'grande cinema', o
cinema comercial de mercado, ainda é inexistente em Goiás. Os nossos
profissionais, se quiserem produzir para grandes mercados, têm de
necessariamente procurar novos horizontes. Alguns bons profissionais oriundos
do curso de Comunicação Social - Audiovisual da UEG já estão produzindo e
trabalhando fora daqui. Mas, se estruturalmente houver condições para grandes
produções aqui, penso que somos um potencial mercado produtor e consumidor.
DS: Você é um educador muito respeitado por seus
alunos e que consegue despertar neles o interesse principalmente pelo cinema. O
que acredita que pode ser feito para que esses sejam profissionais mais
engajados em grandes projetos?
S.O: Estamos já na fase de produção da II Semana do
Audiovisual da UEG, que em 2012 terá como tema principal 'Novos olhares para o
audiovisual em Goiás'. Estamos fazendo contato com grandes teóricos na área de
cinema, documentário e no audiovisual, esperem e terão grandes e boas
surpresas. A primeira edição da Semana do Audiovisual já superou expectativas,
esperamos que continue assim. A gente espera um grande público este ano nas
oficinas, minicursos, palestras e mesas redondas.
DS: Nos conte mais sobre a SAU, a Semana do
Audiovisual da UEG, o que ela propõe? Como surgiu?
SO: A Semana do Audiovisual da UEG é um evento que
conta com um orçamento ainda muito modesto. Trabalhamos no sistema de permuta
de serviços ou seja, oferecemos espaço publicitário e os apoiadores oferecem
serviços. Inscrevemos o projeto em leis de incentivo, espero que surta
resultados. A UEG fornece ainda alguma ajuda material que é super bem-vinda.
Portanto, uma ajuda daqui, outra dali, a gente consegue realizar o evento. Mas
com o tempo, e com uma maior visibilidade do evento, esperamos que os apoiadores
surjam mais naturalmente.
DS: Como ela tem contribuído para a produção
audiovisual em nossa região? Já está previsto a data da segunda edição?
SO: A Semana do Audiovisual da UEG é um espaço de
compartilhamento de informações, de discussões estéticas e de pesquisas na área
técnica do audiovisual. Trabalho com minicursos e oficinas que servem para
entrarmos em contato com o que há de novo no campo audiovisual produzido em
Goiás. Como o curso de Audiovisual é o único que prepara profissionais para a
produção de cinema, vídeo, documentário e outros conteúdos audiovisuais no
estado, o interesse pelos nossos eventos tende a crescer muito. O evento
acontecerá em 2012 nos dias 24 a 30 de setembro, nas dependências da UnU
Laranjeiras, da UEG.
Sandro, agradecemos a sua
disponibilidade e o seu interesse em participar da nossa entrevista e
compartilhar um pouquinho mais de sua grande caixinha de conhecimento, com
nossos leitores e produtores audiovisuais.
Forte
abraço,
Equipe Kfeína
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