quinta-feira, 5 de abril de 2012

Entrevista com Sandro de Oliveira


Sandro de Oliveira
Estreiamos nosso quadro de entrevistas muito bem... Um entrevistado especial para nós da Kfeína - Mídia e Cultura,  e sem dúvida alguma, aos estudantes, aspirantes e amantes do cinema. Um exemplo de paixão cinematográfica, Sandro de Oliveira é graduado em Jornalismo pela Universidade Federal de Goiás (1991), mestre em Comunicação e Semiótica pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (2002). Atualmente é Professor da Universidade Estadual de Goiás - Unidade Laranjeiras, Goiânia - Goiás nas disciplinas de História do Cinema e História do Cinema Brasileiro e também, coordenador da SAU - Semana do Audiovisual da UEG.Amante do Cinema, Sandro, faz aprimorar ainda mais o olhar daqueles com quem convive, aguça instintos e o prazer pela Sétima Arte.




Déborah de Sousa - DS: Para começarmos esse delicioso papo, nos direcionamos a saber como tudo começou. Então, Sandro, conte-nos um pouquinho de como surgiu seu interesse pelo Audiovisual?
Sandro de Oliveira - SO: O meu interesse pelo audiovisual é mais antigo do que o boom do audiovisual goiano, nasceu pelo meu interesse acadêmico pelo cinema já na minha graduação, no íncio dos anos 90. Já escrevia alguns pequenos artigos e matérias para os jornais daqui falando de cineastas e de cinema, majoritariamente.

DS: O que você acha da Produção Audiovisual em Goiás?
SO: A produçao audiovisual em Goiás ainda é pequeno quantitativamente e os nossos audiovisualistas ainda carecem de preparo técnico e de financiamentos mais polpudos para que os nossos produtos possam competir em pé de igualdade com o restante do país. Sabemos que temos talentos inquestionáveis em Goiás, mas todos carecemos de vias de produção que sejam mais generosas e frequentes.

DS: Qual é o maior deficit da Produção Audiovisual em Goiás? De acordo com sua visão, o que sugere para que possa crescer e se desenvolver?
SO: Poderíamos ter um mercado exibidor mais amplo. Os filmes que são produzidos ficam no âmbito de festivais temáticos ou nas fortalezas das universidades. É necessário que sejam criados mecanismos de exibição para a população carente do estado, nas cidades distantes, tão carentes de cultura. Existe aí um imenso público consumidor que é desprezado pelo poder público.

DS: O que você acha que pode ser feito para a conscientização da população goiana diante das produções audiovisuais em nossa região?
S.O: A população goiana não conhece nem o que se faz em Hollywood, quanto mais no audiovisual goiano. Se você for olhar nos nossos jornais, devem existir somente umas cinco ou dez cidades goianas com cinemas funcionando diariamente com sessões abertas ao público. Não existem cines culturas no interior, cinemas em praças abertas, cinemas nas escolas públicas. Isto faz com que as pessoas entrem em contato com a produção da TV, sempre tão eletiva e alienada. É preciso que o povo goiano entre em contato com a produção goiana.

DS: Falta iniciativa do Estado ou dos próprios profissionais da área?
SO: O mercado produtor para o 'grande cinema', o cinema comercial de mercado, ainda é inexistente em Goiás. Os nossos profissionais, se quiserem produzir para grandes mercados, têm de necessariamente procurar novos horizontes. Alguns bons profissionais oriundos do curso de Comunicação Social - Audiovisual da UEG já estão produzindo e trabalhando fora daqui. Mas, se estruturalmente houver condições para grandes produções aqui, penso que somos um potencial mercado produtor e consumidor.

DS: Você é um educador muito respeitado por seus alunos e que consegue despertar neles o interesse principalmente pelo cinema. O que acredita que pode ser feito para que esses sejam profissionais mais engajados em grandes projetos?
S.O: Estamos já na fase de produção da II Semana do Audiovisual da UEG, que em 2012 terá como tema principal 'Novos olhares para o audiovisual em Goiás'. Estamos fazendo contato com grandes teóricos na área de cinema, documentário e no audiovisual, esperem e terão grandes e boas surpresas. A primeira edição da Semana do Audiovisual já superou expectativas, esperamos que continue assim. A gente espera um grande público este ano nas oficinas, minicursos, palestras e mesas redondas.

DS: Nos conte mais sobre a SAU, a Semana do Audiovisual da UEG, o que ela propõe? Como surgiu?
SO: A Semana do Audiovisual da UEG é um evento que conta com um orçamento ainda muito modesto. Trabalhamos no sistema de permuta de serviços ou seja, oferecemos espaço publicitário e os apoiadores oferecem serviços. Inscrevemos o projeto em leis de incentivo, espero que surta resultados. A UEG fornece ainda alguma ajuda material que é super bem-vinda. Portanto, uma ajuda daqui, outra dali, a gente consegue realizar o evento. Mas com o tempo, e com uma maior visibilidade do evento, esperamos que os apoiadores surjam mais naturalmente.

DS: Como ela tem contribuído para a produção audiovisual em nossa região? Já está previsto a data da segunda edição?
SO: A Semana do Audiovisual da UEG é um espaço de compartilhamento de informações, de discussões estéticas e de pesquisas na área técnica do audiovisual. Trabalho com minicursos e oficinas que servem para entrarmos em contato com o que há de novo no campo audiovisual produzido em Goiás. Como o curso de Audiovisual é o único que prepara profissionais para a produção de cinema, vídeo, documentário e outros conteúdos audiovisuais no estado, o interesse pelos nossos eventos tende a crescer muito. O evento acontecerá em 2012 nos dias 24 a 30 de setembro, nas dependências da UnU Laranjeiras, da UEG.

Sandro, agradecemos a sua disponibilidade e o seu interesse em participar da nossa entrevista e compartilhar um pouquinho mais de sua grande caixinha de conhecimento, com nossos leitores e produtores audiovisuais.

Forte abraço,

                          Equipe Kfeína

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